terça-feira, 4 de maio de 2010

Segui a morte por amor.


















Sigo andando entre trapos e pedaços.
Sigo no escuro o caminho, o meu rumo.
Sigo tremendo e com os pés doendo.
Sigo sangrando, deixando rastros. Gritando.

Sigo sozinho arrancando os espinhos.
Sigo lembrando, divagando em memórias.
Sigo pedindo, ‘por favor, que seja este o caminho’.
Sigo sorrindo, não há mais lágrimas a chorar.

Sigo carregando os seus problemas.
Carregando os seus medos.
Carregando a sua culpa.
Sigo carregando a mim mesmo.

Sigo ouvindo os xingamentos que eram teus.
Sigo lembrando do teu rosto a sorrir.
Sigo pensando em tudo o que está por vir.
Sigo vencendo para te fazer vencer.

Sigo perdoando o pecado de Adão.
Sigo perdoando o pecado de Eva.
Sigo perdoando os pecados que eram teus.
Sigo amarrado em correntes, àquelas que outrora te prendiam.

Sigo a morte por amor.
Sigo com alegria e ao mesmo tempo com dor.
Sigo sentindo meu coração aos poucos parar.
Sigo carregando a cruz que fiz minha. Você não iria aguentar.

Sigo uma estrada torta.
Feita de pedras, quase morta.
Sigo em direção ao altar,
Onde eu poderei me lançar.

Fazendo o sacrifício de tudo.
Lavando as pedras com as dores do mundo.
Escorrendo o sangue meu,
Para libertar os filhos de Deus.

Mas ao terceiro dia, Ei de ressucitar.
Flávio Limas

Um comentário:

Anônimo disse...

uma poética tocante, segui a morte por amor a vida pois a morte é recomeço a morte é nascimento