quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Devaneios de Ancião

















Meu coração pede pra parar dentro de mim.
Durante toda a vida lutei e agora cansado parei.
Os sonhos que outrora sonhei não consegui realizar,
Agora me resta sentar e esperar a morte chegar.

O tempo passa devagar e os segundos parecem se arrastar.
O compasso acelerado do meu coração já perdera o ritmo,
E os olhos marcados por lágrimas revelam o que a alma está sentindo.

A tristeza, a dor e a vigor de uma longa vida se passaram.
Os anos da mocidade, das belas mulheres e dos grandes sonhos...
Ah, tudo se passara tão depressa, eu não pude perceber.

Sentado em qualquer lugar,
Consigo ver num simples olhar,
A esperança de um tempo perdido.

Um tempo onde o sorriso fazia sentido.
Um tempo onde os sonhos estavam mais perto.
Um tempo onde amor se traduzia em afeto.

Em longos momentos digo que me arrependi.
Em outros, que de fato aprendi.
Mas certeza mesmo é que simplesmente vivi.




Flávio Limas

Toque da Dor




O mundo inteiro sobre nós caiu.
O cheiro da morte se sente em todo lugar.
Estamos presos no escuro frio da madrugada.
Aqui não há alegria, esperança ou amor.

No mundo onde os sonhos são pisados,
As esperanças se diminuem através da dor.
Tudo o que por nós foi erguido,
Em breve será destruído.

Nesse silêncio profundo,
Só se houve o coração apertado dos que choram.
Mas não choram por desespero ou amor,
Choram porque foram tocados pela dor.

O toque da dor faz brancos e negros serem um só.
O toque da dor faz do amor poesia em pó.
O toque da dor leva o sonho ao pesadelo.
O toque da dor leva da vida pra morte.

Enquanto a vida continua,
Os sonhos pisados, os corações partidos.
Os pobres, os fracos, os ingênuos oprimidos.
Continuamos a sentir o doce toque da dor.

Flávio França de Limas

As Lágrimas


Neste momento em que as palavras se calam,
O coração apertado espreme ás lágrimas que saem pelos olhos.
Lágrimas que levam gota a gota a esperança de um ser,
A esperança de um novo viver.

Se por um momento tento impedir essas lágrimas de escorrerem
Calo minha alma num silêncio de luto.
Porém se ás lágrimas dos meus olhos fluírem em direção ao seu destino,
Poderei ver de novo os raios da manhã de sol que vem.

As palavras se foram pra longe de mim,
Mas esqueceram de levar a dor.
Ela continua aqui intima, próxima e profunda.

Enquanto enxergo a luz do sol,
Minhas lágrimas se calam uma a uma.
E como chuva de verão tudo logo passou.
Mas as palavras que ao vento lancei
São inapagáveis...
Ecoam no coração de quem as ouviu.
Flávio França de Limas